Sobre o TDAH

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)

A quantidade de pessoas que tem TDAH na população varia entre os estudos, mas O TDAH é relativamente comum na população ao redor do mundo.

  • A cada 100 crianças 5-9 têm TDAH.
  • A cada 100 adultos 3-5 têm TDAH (1,2)

Mas, o que é exatamente TDAH?

  • O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento (3).
  • Ele se inicia na infância (antes dos 12 anos) e pode seguir na vida adulta em mais de 50% dos casos (4,5).
  • O TDAH se caracteriza por diferentes sintomas que envolvem desatenção, inquietude e impulsividade com sintomas que variam de leves a severos (5,6).
  • Os sintomas de desatenção, desorganização, impulsividade e inquietude podem acontecer em qualquer criança, adolescente e adultos. O que faz com que eles sejam relacionados ao TDAH é a intensidade, a frequência e o grau de prejuízo que eles causam (5).
  • Além dos sintomas descritos acima as pessoas com TDAH podem ter dificuldades relacionadas às funções executivas (7). As FUNÇÕES EXECUTIVAS são um conjunto de habilidades que coordenam e regulam comportamentos direcionados à um objetivo e as emoções. Assim, elas nos ajudam a responder a situações que experienciamos. Abaixo estão alguns exemplos de como elas estão presentes no nosso dia a dia (7,8). 
As funções executivas nos auxiliam a fazer um cálculo mental sobre as memórias de lições aprendidas no passado e os objetivos que queremos para o futuro, resultando na decisão do que vamos fazer no momento presente. Por exemplo, se no mês passado eu terminei na última hora aqueles relatórios que precisava fazer e fiquei bastante estressado, as funções executivas vão me ajudar a lembrar sobre essa experiência e se meu objetivo é não me sentir estressado vou optar por começar a fazer antes os próximos relatórios. As funções executivas também nos permitem estabelecer prioridades, encontrar uma solução para um problema, fazer e executar um planejamento, resistir contra fazer algo tentador, e elas nos ajudam a nos adaptarmos a mudanças nas demandas (7–9).

Quais são as causas do TDAH?

  • Os estudos científicos mostram que as pessoas que têm TDAH possuem alterações na região frontal do cérebro e nos circuitos de comunicação com algumas outras regiões. O córtex pré-frontal é importante para o controle de impulsos, das emoções, da atenção, do planejamento e organização (3).

  • O que se sabe até o momento é que algumas substâncias químicas (principalmente dopamina e noradrenalina) que transmitem informações entre as células do cérebro (neurônios) estão alteradas (3,10).

  • Os motivos pelos quais alguém tem TDAH podem ser diversos e não é possível até o momento dizer o que especificamente causou o TDAH em uma pessoa (3,11) . Um dos fatores associados é a genética (11). O que significa que se uma criança tem TDAH existe uma grande chance que pelo menos um dos seus pais ou irmãos também tenha (12,13). Os estudos mostram pais de crianças com TDAH tem um risco 2-8 vezes maior que a população geral de ter TDAH (3) . Assim, não é incomum que adultos sejam diagnosticados após terem seus filhos diagnosticados com TDAH.

  • Além da relação com a genética outros possíveis fatores associados ao TDAH são: substâncias ingeridas durante a gravidez (álcool e drogas, por exemplo), exposição à chumbo, e sofrimento fetal. Porém não podemos afirmar que estas são causas, podemos dizer somente que existe associação com estes fatores (3).

Quais são os tratamentos para o TDAH?

  • O tratamento do TDAH deve ser uma combinação de diferentes estratégias que envolvem medicação, terapias e orientações. A medicação é o tratamento mais efetivo de maneira geral para controle dos sintomas de TDAH. Porém, ela não promove o desenvolvimento de novas habilidades necessárias no dia a dia de quem tem TDAH. Além disso, algumas pessoas podem seguir com alguns sintomas de TDAH mesmo em tratamento medicamentoso. Para adquirir essas habilidades e reduzir os sintomas residuais, as terapias podem ser efetivas (14–16);

  • Dentre as medicações usadas para tratar o TDAH, os estimulantes são os que apresentam uma maior resposta e por isso são os primeiros a serem recomendados. Outros possíveis tratamento são alguns tipos de antidepressivos e a clonidina (16) . No Brasil os estimulantes disponíveis são a Lisdexanfetamina (Venvanse) o metilfenidato de curta duração (Ritalina) e de longa duração (Concerta e Ritalina LA);

  • A psicoeducação consiste na explicação sobre as causas, os sintomas, e os tratamentos relacionados ao TDAH para os pacientes e seus familiares (17);

  • A Terapia Cognitivo Comportamental é outra estratégia para ensinar novos comportamentos e pensamentos (14);

  • Além dessas, o treinamento parental também auxilia no tratamento de crianças e adolescentes com TDAH. Também auxilia no tratamento de crianças e adolescentes com TDAH. O treinamento parental ensina técnicas aos pais que podem ser mais eficazes para lidar com as dificuldades do dia a dia que seus filhos com TDAH venham a encontrar (15,18,19).

  • Conversar com professores é uma outra opção válida. Assim, eles podem compreender mais sobre as dificuldades encontradas no TDAH e podem auxiliar melhor o aluno (17).

LISTA DE ALGUNS SINAIS E SINTOMAS RELACIONADOS AO TDAH:

No adulto

  1. Ficar distraído no trabalho ou em outros afazeres. 
  2. Ficar hiper focado em atividades (comumente prazerosas) a ponto de não conseguir se desligar para fazer atividades necessárias.
  3. Cometer pequenos erros com frequência geralmente relacionados à distração.
  4. Dificuldade para iniciar as atividades, principalmente as que não despertam interesse. 
  5. Dificuldade de planejamento, não sabendo por onde começar o trabalho ou outras atividades.
  6. Dificuldade em organizar pertences, o pensamento, o que vai falar ou escrever. 
  7. Frequentemente se esquecer de compromissos.
  8. Perder ou não saber onde estão pertences de forma rotineira.
  9. Se sentir entediado frequentemente.
  10. Busca constante por novidades e atividades que sejam estimulantes e prazerosas. Atividades monótonas são muito difíceis de serem executadas.  
  11. Procrastinação e fazer as atividades no último minuto. 
  12. Rendimento abaixo do potencial esperado.
  13. Comprar, fazer ou falar de forma impulsiva.
  14. Interromper frequentemente as outras pessoas. 
  15. Dificuldade em se manter sentado por muito tempo ou se sentir inquieto. 
  16. Se atrasar com frequência.
  17. Oscilações de humor frequentes.

Na criança e no adolescente

  1. Dificuldade em prestar atenção em aulas ou outras atividades quando eles não estão interessados.
  2. Hiper foco em atividades que despertam o interesse deixando de realizar tarefas.
  3. Pequenos erros em provas ou atividades geralmente porque estão distraídos.
  4. Esquecer-se frequentemente de atividades e datas importantes.
  5. Perder ou não saber aonde estão materiais escolares, brinquedos e outros pertences.
  6. Dificuldade em se manter organizado de forma geral.
  7. Dificuldade para iniciar tarefas deixando para última hora.
  8. Não sabe por onde começar uma tarefa e tem dificuldade para organizar ideias, pensamentos e respostas.
  9. Desempenho abaixo do esperado para sua capacidade.
  10. Falante e interrompe as pessoas frequentemente.
  11. Inquieto, não consegue ficar sentado por muito tempo.
  12. Fazer e dizer coisas sem pensar (impulsivos).
  13. Se sentir entediados com frequência.
  14. Oscilações de humor frequentes

MITOS E VERDADES

O TDAH é preguiça – MITO
Verdade: o TDAH é um transtorno neurobiológico e não uma escolha. As pessoas que têm TDAH podem ter uma dificuldade maior em iniciar e completar atividades, principalmente naquelas que não despertam o interesse, além de terem uma dificuldade em se organizar. E elas podem ser capazes de prestar atenção naquelas atividades pelas quais elas se interessam. O tratamento do TDAH tem o potencial para tornar mais fácil a realização de tarefas bem como de se organizar (9).

O TDAH tem sido super diagnosticado – MITO
Verdade: o aumento do diagnóstico do TDAH pode ser explicado por um aumento no conhecimento acerca do TDAH. Os profissionais de saúde e os pais estçao mais informados sobre o assunto, o estigma tem diminuído, e o número de tratamentos disponíveis tem aumentado. 

Os remédios para o TDAH fazem mal – MITO                                                                 Verdade: é comprovado cientificamente que as medicações para o TDAH melhoram os sintomas de TDAH na maioria dos casos (16). Algumas pessoas podem vir a ter efeitos colaterais, assim como com qualquer outra medicação. Nesse caso, ajustamos o tratamento para que o benefício seja o maior possível e com a menor quantidade de efeitos colaterais ou mesmo sem efeitos colaterais.   

O diagnóstico de TDAH é feito através de exame – MITO
Verdade: por enquanto ainda não existe nenhum exame capaz de diagnosticar o TDAH. O diagnóstico é baseado em sinais e sintomas e por isso uma avaliação com um médico que possu experiência com TDAH é tão importante. 

Curiosidade sobre o TDAH

As pessoas com TDAH podem ser bastante criativas, cheias de energia, capazes de realizar diversas tarefas ao mesmo tempo, mais propensas a buscar novidades e riscos. Devido a essas características, alguns estudos têm sugerido que o TDAH poderia estar relacionado a um perfil mais empreendedor (20)

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Referências: (1) Canadian ADHD Practice Guidelines. 2020;4.1 Edition. (2) Mongia M, Hechtman L. Cognitive behavior therapy for adults with attention-deficit/hyperactivity disorder: A review of recent randomized controlled trials. Current Psychiatry Reports. 2012. (3) Knouse LE, Safren SA. Current status of cognitive behavioral therapy for adult attention-deficit hyperactivity disorder. Psychiatric Clinics of North America. 2010. (4) Caye A, Swanson JM, Coghill D, Rohde LA. Treatment strategies for ADHD: an evidence-based guide to select optimal treatment. Molecular Psychiatry. 2019. (5) Practice parameter for the assessment and treatment of children and adolescents with attention-deficit/hyperactivity disorder. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2007. (6) NICE. Attention deficit hyperactivity disorder: diagnosis and management (NICE Guideline). NICE – National Institute for Health and Care Excellence. 2018. (7) Wolraich M, Brown L, Brown RT, DuPaul G, Earls M, Feldman HM, et al. ADHD: Clinical practice guideline for the diagnosis, evaluation, and treatment of attention-deficit/ hyperactivity disorder in children and adolescents. Pediatrics. 2011. (8) Alexander L, Farrelly N. Attending to adult ADHD: A review of the neurobiology behind adult ADHD. Irish Journal of Psychological Medicine. 2018

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